"Ó amor que o céu governas,
sabes, que com teu lume me elevaste!"
Dante
Paraíso, I, 74-75
Continuando a falar da simbologia, que descobri, associada à
exposição de fotografia – “A Misteriosa Rapariga da Sombrinha Vermelha”... :-)
A fotografia aqui apresentada, é uma das que suscita mais
comentários, pois todas as pessoas olham para a imagem e dizem ter sido
captada num dos poços da Quinta da Regaleira, em Sintra.
Na realidade, esta imagem foi captada, na nossa viagem por
Itália, no verão de 2012, mais precisamente no Pozzo de San Patrizio, em Orvieto. Como aqui referi, este
poço, semelhante a uma Torre de Babel
invertida é um local que provoca vertigens e arrepios. E encontra-se
associado às lendas medievais sobre o Purgatório de São Patrício na Irlanda.
Na nossa visita e descida ao poço, também comentámos as
semelhanças com os poços iniciáticos da Quinta da Regaleira. Uma singular
quinta, repleta de simbologia...
Mas, as coincidências não terminam por aqui...
No final do século XIX, a referida quinta, em Sintra, foi adquirida por António Carvalho Monteiro
que desejando espelhar na sua
propriedade algum simbolismo, contratou Luigi Manini, pintor, cenógrafo e
arquiteto Italiano.
Não é o facto do arquiteto ser Italiano que conduz a alguma
coincidência, mas sim o facto de, para a projeção de jardins, poços, grutas e
capelas, que sugerem fortemente um percurso iniciático, o artista se ter
inspirado, na obra de um conhecido “filho de Florença” – na Divina Comédia de Dante Alighieri.
O percurso de Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso,
descrito na referida obra, está presente nos jardins da Regaleira, em três
etapas:
“ a descida do poço com nove níveis, tal como os nove
círculos do Inferno de Dante;
a saída para a luz através da passagem pelo lago até chegar à clareira na floresta;
a ascensão subsequente no exterior da montanha.”
a saída para a luz através da passagem pelo lago até chegar à clareira na floresta;
a ascensão subsequente no exterior da montanha.”
(José Manuel Anes, Dante na Quinta
da Regaleira in David Kingsley, Inferno Decifrado)
Encontra-se ainda, na quinta, outra simbologia associada a
Dante e ao seu enigmático número 515
(que surge no purgatório).
“o 515 de Dante está presente na Quinta em dois bancos dos
jardins e outro no interior do Palácio, contendo todos a estrutura simétrica
5-1-5, em que o ‘1’ é a figura central, a dama com tocha, jovem (a sua amada Beatriz?) (...) e ambos os
‘5’ são as ameias, ou morelões, que ladeiam essa figura central(...)”(José Manuel Anes, Dante na Quinta da Regaleira in David
Kingsley, Inferno Decifrado)
Isto sim, eu considero coincidência (e eu que gosto tanto de
coincidências), Dante – o poeta de Florença- estar representado simbolicamente
no poço de uma quinta em Sintra. Terra onde, neste momento, se pode visitar uma
misteriosa exposição e observar uma fotografia, na qual eu me encontro no interior de um poço
iniciático, em Itália, mas que todos pensam ser o Poço Sintrense, fortemente relacionado à obra de um Fiorentino!
Terão os deuses, ou a deusa Cíntia, conspirado para que este
fosse o meu percurso, depois da encantadora Florença...a misteriosa, e não
menos encantadora, Sintra?? :-)
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